Parceria com a Alipay leva portuguesa Pagaqui à China

Portugal, Espanha, Áustria, Finlândia, Noruega e China são os mercados que passam a ter uma rede de pagamentos online com base num formato de QR Code compatível.
Metade dos terminais tradicionais em Portugal – e são apenas 350 mil, que é francamente pouco – só aceitam cartões da rede Multibanco, o que significa que um estrangeiro de visita a Portugal não consegue fazer pagamentos em metade da rede. E os cartões de crédito só funcionam em um terço dos terminais
A parceria acontece no âmbito do patrocínio de oito anos da Alipay à Liga das Nações organizada pela UEFA e cuja primeira edição acontece no Porto e em Guimarães, em junho deste ano. Ao Dinheiro Vivo, João Barros, CEO da Pagaqui, explica que a “parceria com a Alipay é a nível nacional. No entanto, nesta fase inicial, o foco será no Norte uma vez que é lá que ser realizarão as finais da Liga das Nações
Até ao fim do verão, os turistas chineses que visitam Portugal poderão fazer compras nos três mil pontos de venda aderentes da portuguesa Pagaqui e pagá-las com o seu telemóvel. A Alipay, o maior serviço de pagamentos online do mundo, associou-se a seis operadores europeus para promover a interoperacionalidade dos pagamentos digitais com base no QR Code para viajantes tanto na Europa como na China. A Pagaqui fica com o uso exclusivo do sistema em Portugal, sendo que o projeto envolve, ainda, a espanhola Momo Pocket, a austríaca Blue Code, a norueguesa Vipps e as finlandesas ePassi e Pivo, que adotarão um formato de QR Code compatível fornecido pela Alipay.
O acordo foi formalmente anunciado no sábado, no Porto, à margem da fase final da Liga das Nações. Recorde-se que a Alipay, cuja carteira digital é usada por mais de mil milhões de pessoas, assinou em novembro um contrato de oito anos como patrocinador das competições das seleções masculinas da UEFA até 2026. Na cerimónia, Eric Jing, CEO da Alipay, destacou a aposta da empresa na criação de oportunidade para as pequenas e médias empresas, mas, também, em usar a tecnologia e a inovação para tornar os pagamentos digitais “mais inclusivos, mais transparentes e mais seguros” em todo o mundo. Já Roland Palmer, responsável da Alipay para o mercado europeu, destacou a “fantástica oportunidade” que o boom turístico chinês representa para o comércio europeu. “Queremos usar o mercado digital para trazer mais e novos consumidores às lojas nacionais”, destacou, sublinhando que os serviços de pagamento da Alipay estão já disponíveis em 55 países do mundo, para além da própria China. Só na Europa, está em 29 mercados.
Mas o que se trata agora é de alargar a oferta aos serviços de pagamento por QR Code, através das respetivas carteiras digitais dos seis parceiros europeus envolvidos, que, em conjunto, representam mais de cinco milhões de utentes e aproximadamente 190 mil comerciantes neste continente. “Tal como no futebol, as empresas europeias serão mais bem sucedidas jogando em equipa. E [este acordo] é transformação imensa para os negócios e para os utentes em toda a Europa e estamos muito satisfeitos por vermos tantos parceiros envolvidos”, defende o CEO da Pagaqui. João Barros fala mesmo num “marco” para a empresa, mas, também, para a economia portuguesa, tão dependente do turismo.
“Metade dos terminais tradicionais em Portugal – e são apenas 350 mil, que é francamente pouco – só aceitam cartões da rede Multibanco, o que significa que um estrangeiro de visita a Portugal não consegue fazer pagamentos em metade da rede. E os cartões de crédito só funcionam em um terço dos terminais”, diz este responsável, lembrando que mais de 70% dos pagamentos no retalho em Portugal são feitos a dinheiro. “Achamos que somos muito evoluídos, mas nos países nórdicos isto não existe. Toda a gente paga com o telemóvel, através de QR Code, e nós queremos contribuir para este movimento em Portugal”, sublinha. E não são só os chineses de visita a Portugal que tirarão partido deste acordo, os portugueses que forem à China poderão, também, fazer pagamentos na rede Alipay com recurso à carteira digital da Pagaqui. Ou na Noruega, na Áustria, Finlândia ou Espanha. O objetivo, no futuro, é ir integrando mais parceiros nesta aliança, designadamente de outros países.
Portugal recebe, anualmente, cerca de 250 mil turistas chineses, uma fatia ainda pequena dos 150 milhões que viajam todos os anos, mas com tendência de crescer. E o potencial é enorme. Por estes dias, os turistas chineses de visita ao Porto puderam já fazer pagamentos com QR Code nas lojas de chocolates Arcádia ou de sabonetes da Claus Porto, bem como no restaurante da Casa da Música. O Hard Rock Café Porto vai estar disponível no decorrer desta semana e a expectativa é alargar o sistema “no mínimo aos três mil pontos de venda parceiros da Pagaqui nos próximos três a quatro meses”, diz o CEO da empresa.
Mas João Barros assume que o objetivo da Pagaqui é mais ambicioso. Em três anos, a empresa quer contar com uma rede de 50 mil pontos de venda e ser o segundo maior acquirer (organização que estabelece contratos com comerciantes para permitir a aceitação de cartões no pagamento de bens e serviços) em Portugal, a seguir à RedeUnicre. Além da Alipay, a Pagaqui tem, também, acordos com a Visa e com a Mastercard.
Em termos de utentes, a Pagaqui pretende crescer mais de quatro vezes. Hoje conta com 350 mil utilizadores regulares. Com o lançamento da carteira digital, uma aplicação que vai servir para pagamentos de um portefólio alargado de serviços, o objetivo é chegar a 1,5 milhões de pessoas nos próximos três anos. Refira-se que a empresa portuguesa fechou 2018 com cerca de 10 milhões de transações registadas e que o objetivo, para 2019, é crescer para os 15 milhões.
Fonte: Dinheiro Vivo Online